Blog do Trabalhador - Notícia no tempo certo

Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2025

Colunas/Geral

Classe média?

Quando as "reformas" trabalhista e previdenciária vieram, já dizíamos de um projeto de empobrecimento da classe média.

Classe média?
IMPRIMIR
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

*Classe média* 

Notícias de hoje, 17/04/21, dão conta de que a classe média diminuiu - e não foi pouco - no último ano, no Brasil.

Quando as "reformas" trabalhista e previdenciária vieram, já dizíamos de um projeto de empobrecimento da classe média. A pretendida reforma administrativa seguirá o mesmo projeto, sendo mais uma peça nesse xadrez, atingindo especialmente a camada mais empobrecida do serviço público.

Leia Também:

Na verdade, o projeto é de uma espécie de estratificação mais intensa e clara da sociedade brasileira, já marcadamente desigual, basicamente dividindo o país entre pobres e ricos.

Sempre haverá aqueles que ficarão no meio do caminho, nem lá nem cá. Estes, porém, estarão -  aos olhos dos pobres, muito pobres e miseráveis - mais próximos dos ricos. E, de fato, analisando parte da postura política e social, depreende-se que a classe média se associa mesmo muito mais à pauta da elite que à da pobreza, e, não raro, que à sua mesma.

A riqueza, mundo afora e no Brasil em especial, já vinha se acumulando de forma mais intensa desde a crise de 2008. Aqui, porém, houve ainda  um período de certa contenção via políticas sociais de distribuição de renda e inclusão social. A pandemia apenas piorou o que já era muito ruim.

Trocando em miúdos, enriquecimento dos ricos e empobrecimento dos pobres e médios significa apenas a ampliação da desigualdade, do abismo social.

Talvez a classe média entenda ou passe a entender sua condição, embora essa coisa (classe média) seja por demais elástica nos padrões brasileiros, composta por famílias cuja renda por membro varia de R$ 667,87 a R$ 3.755,76 por mês. Talvez entenda que vive do que produz cotidianamente, do esforço do trabalho e não de rendas ou dividendos, que, para usar o ainda útil conceito marxista, não é dona dos meios de produção, mas da força de trabalho (o que se aplica a pequenos empreendedores - favor não incluir no conceito entregadores e motoristas de aplicativos, que são subempregados em alto nível de precarização, lutadores pela sobrevivência num cenário em que emprego formal com garantias e direitos lhes falta).

Quando a classe média entender que não é elite e que suas lutas se aproximam muito mais daquelas dos trabalhadores e cidadãos  pobres, a coisa mude.

Ainda que seja legítimo almejar a riqueza, é, no mínimo, discutível a legitimidade de mimetizar os ricos, porque mais os favorece que a si mesma.

Quem sabe, caso as necessárias reflexões e inflexões ocorram, tenhamos melhor destino, porque a coisa (classe média) ajudará a pressionar por políticas públicas que  objetivem a oferta de mais e melhores serviços   públicos, a construção de mais e mais sólidos direitos sociais, o investimento público no sentido de induzir investimentos privados, gerando emprego e renda, a redução das desigualdades pela valorização do trabalho e dos salários e a taxação das grandes fortunas como forma de equilibrar melhor a sociedade. Se parece haver pouco espaço, considerando as circunstâncias históricas, para o advento de um socialismo, ainda que repaginado, parece óbvia a necessidade urgentíssima por ações contundentes para reduzir desigualdades e reconstruir o sentido de cidadania, assentada no acesso a tudoo que represente dignidade de vida.

Sem isso, sem essa compreensão política de si mesma, a coisa (classe média) seguirá um tortuoso e pouco útil caminho de, por um lado, deslumbrar-se com a riqueza, mimentizando-se aos ricos e reproduzindo seus discursos, valores e ideologias, e, por outro, ignorar, desprezar e mesmo lutar contra as demandas dos pobres, pensando que são eles os seus reais inimigos, achando que são eles lhe sugam, quando a resposta a isto está na parte de cima da pirâmide, não na de baixo.

 

*Allysson Mustafa*
Professor
Coordenador Geral do SINPRO-BA e diretor da Contee
Classe média (na verdade, muito média; mais verdade, um dos tais que estão caminhando para estar abaixo disto)

FONTE/CRÉDITOS: Alysson Mustafa
Comentários:
Allysson Mustafa

Publicado por:

Allysson Mustafa

Lorem Ipsum is simply dummy text of the printing and typesetting industry. Lorem Ipsum has been the industry's standard dummy text ever since the 1500s, when an unknown printer took a galley of type and scrambled it to make a type specimen book.

Saiba Mais

Veja também