Último dia do 3º Congresso Estadual dos Fazendários, parte do turno da manhã desta sexta (20) foi reservada para colocarmos em pauta um novo assunto da agenda da categoria. Com o tema “Novas Tecnologias de Inteligência Artificial, o Trabalho e a Sociedade”, o penúltimo painel do evento contou com palestra do professor Victor Zamberlan (Unesp) e debate da jornalista Gabriela de Paula.
Victor iniciou sua apresentação compartilhando com todos, um vídeo de um minuto, com várias imagens de pessoas, animais, construções, entre outras, todas produzidas por Inteligência Artificial (IA). Zamberlan fez um histórico sobre o surgimento dessa nova tecnologia, principalmente a partir de um aplicativo desenvolvido pela empresa norte-americana OpenIA, ChatGPT.
O professor apresentou as diferenças existentes entre as IAs. A IA Preditiva, que lhe apresenta conteúdos com base nos dados históricos de acesso da pessoa à internet e a IA Generativa, que cria novos conteúdos para o usuário, interpretando as suas vontades e sentimentos, ao analisar todas as informações suas disponíveis na internet.
Este campo da tecnologia é hoje um instrumento de disputa de poder e interesses econômicos. Segundo Victor Zamberlan, o setor movimentou R$ 630 bilhões em 2024, mas que em 2028 o valor chegará a R$, 3,5 trilhões. Seu impacto será grande na vida das pessoas, atingindo 40% dos postos de trabalhos em países desenvolvidos e em desenvolvimento até 2034.
Porém, alerta Victor, a Inteligência Artificial, se não for trabalhada numa regulação inclusiva, será mais um instrumento de segregação, tanto do ponto de vista das pessoas, como dos países. Isso tem aspectos econômicos, geopolíticos, educacionais e sociais. “Um pacote mínimo o Chap GPT custa em torno de R$ 100,00 e sabemos que muitos não têm condição de pagar este valor”, disse. O mesmo vale para as nações, citando como exemplo o plano de IA para o Brasil, que promete investir R$ 24 bilhões até 2028, enquanto a China está investindo R$ 300 bilhões somente em estruturas de datacenter.
Ele concluiu dizendo que o laboratório da Unesp no qual atua, trabalha com a ideia de que devemos dominar os recursos de Inteligência Artificial, que deve ser instrumento para as atividades humanas e não a locomotiva das nossas atividades.
Debate
A jornalista Gabriela de Paula interveio instigando os fazendários a conhecerem as ferramentas de IA, inclusive para entender suas funcionalidades. Ela acredita que esse conhecimento é fundamental para que o recurso possa ser melhor utilizado. “No caso dos chatbots existentes, melhor resultado terá aqueles que sabem perguntar, mas isso exige repertório cultural e informativo”, comentou.
Gabriela chamou a atenção para as limitações das IAs. Ela alerta, por exemplo, sobre o que chama de “alucinação de máquina”, que pode dar um resultado não verdadeiro pois, programado para sempre dar respostas, inventa retornos irreais. Ela comentou também sobre a necessidade de impor limites regulatórios, que os coloque a serviço da sociedade.
O mediador, colega Pedro Andrade, Agente de Tributos da Sefaz-BA, comentou que tem visto incentivo da Secretaria para que os servidores se capacitem em tecnologia, uma vez que lidamos diariamente com essas ferramentas tecnológicas, o que exige de nós maior qualificação. “Trabalho com comércio exterior e tenho contato permanente com a Receita Federal, que já usa ferramentas de IA no combate à sonegação”, citou.
Pedro também opinou que não podemos ter medo da tecnologia, mas que é necessário regulação para que não saia do controle.
Comentários: