Polêmico e alvo de críticas, Carlos Mello tem se destacado por posturas contrárias ao fortalecimento da política pública de saneamento e aos princípios de gestão responsável. Suas ações representam ameaças ao projeto de universalização do saneamento na Bahia, incluindo a defesa de propostas que podem levar ao sucateamento da Embasa. Entre as iniciativas controversas, destaca-se a tentativa de transferir o Centro de Processamento de Dados (CPD) da Embasa para a PRODEB e a não assunção do Sistema de Disposição Oceânica da Boca do Rio, cuja quitação está prevista para 2026.
Além disso, Mello tem demonstrado simpatia por modelos de privatização semelhantes aos implementados na CEDAE, no Rio de Janeiro. A privatização da CEDAE trouxe impactos catastróficos para a população, com a AEGEA — empresa que assumiu parte das operações — impondo aumentos tarifários severos que penalizam consumidores.
Outro ponto de tensão é sua defesa apaixonada pela renovação do contrato com a BRK Ambiental para a gestão do Sistema de Disposição Oceânica (SDO), também conhecido como Emissário Submarino da Boca do Rio. A obra, que teve um custo inicial de R$ 350 milhões, já consumiu mais de R$ 2 bilhões dos cofres da Embasa. A renovação do contrato seria injustificável, considerando os processos por descumprimento contratual enfrentados pela BRK. Vale lembrar que o patrimônio do SDO deve ser incorporado à Embasa em 2026, conforme contrato.
Irregularidades na nomeação de Carlos Mello
Na última quarta-feira (18/12), o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae) formalizou questionamentos ao Comitê de Elegibilidade da Embasa, acerca da nomeação de Carlos Palma de Mello como integrante do Conselho de Administração (CONSAD) da empresa. O sindicato aponta uma série de irregularidades que tornam a designação incompatível com as normas legais, estatutárias e os princípios fundamentais de governança corporativa.
Uma das principais irregularidades identificadas é a acumulação de cargos. Carlos Mello ocupa, simultaneamente, a chefia de gabinete da Secretaria da Casa Civil do Governo do Estado da Bahia — um cargo comissionado classificado como de Direção e Assessoramento Superior (DAS-2) — e a presidência do Conselho de Administração da Embasa. Além disso, ele foi nomeado, em diversas ocasiões, como secretário interino da Casa Civil, incluindo uma designação oficial publicada no Diário Oficial do Estado em 29 de novembro de 2024. Essa sobreposição de funções fere os pilares da boa governança, levantando questionamentos éticos sobre sua imparcialidade e comprometimento com os interesses da Embasa.
Gestão marcada por controvérsias
Durante a gestão de Carlos Mello no CONSAD, surgiram denúncias envolvendo aumentos indevidos de remuneração de assessores da presidência, gastos excessivos com passagens aéreas e uso de jatinhos. Além disso, alterações no Estatuto Social da Embasa, aprovadas em 20 de junho e divulgadas apenas em 18 de novembro, sugerem um preocupante enfraquecimento do controle exercido pelo CONSAD.
Entre as mudanças, o limite para negócios jurídicos foi ampliado de R$ 5 milhões para R$ 28 milhões, enquanto o teto para patrocínios — que podem ser aprovados diretamente pela Presidência com apenas mais uma assinatura — subiu para R$ 2 milhões. Essa redução de controle foi criticada pelo ex-representante dos trabalhadores no Conselho, Renavan Sobrinho, que registrou sua insatisfação em ata e por e-mail. Tais medidas comprometem a transparência e a confiança pública na gestão, que deveria priorizar o uso responsável dos recursos em benefício da população.
Compromisso com a transparência e a luta pelo saneamento público
Diante desse cenário, o Sindae reafirma seu compromisso com a defesa do patrimônio público e da transparência, parabenizando o governador Jerônimo Rodrigues por, desta vez, não permitir a nomeação de mais um "bicho da goiaba" para a liderança da Embasa, cujo objetivo seria enfraquecer e destruir a instituição.
Vamos à luta!
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