Não poderia começar a minha primeira participação neste Blog do Trabalhador sem dar-
lhes, leitores, as boas-vindas, parafraseando versos da famosa canção de Caetano
Veloso, meu vizinho de Recôncavo – ele, nascido em Santo Amaro, eu, em Cachoeira.
Mas, mais que isto, de dar, também, boas-vindas ao próprio blog e seus articuladores,
desejando vida longa.
Não são muitos os espaços dedicados a pensar o mundo do trabalho que tenham
grande visibilidade - suas complexas relações, seus avanços e retrocessos, seus jogos
de interesse e suas contradições – disponíveis e acessíveis aos trabalhadores. A
chamada grande mídia cede-nos pouco espaço, ao passo que disponibiliza seus canais
para expressar os interesses das grandes corporações, dos grandes grupos
econômicos, do patronato, em geral.
O trabalhador, no mais das vezes, aparece apenas como mera peça da engrenagem,
sem protagonismo, sem voz própria. Ou, de outro modo, quando expressa os seus
descontentamentos – e há formas variadas de fazê-lo –, aparece como figura marginal.
É, já por isso, importante e louvável que tenhamos um espaço nosso, para pensar sobre
nossas dificuldades, nossos objetivos coletivos, nossos fazeres. É, portanto,
fundamental que falemos a nós mesmos, porque esta é uma forma de nos alimentarmos
de informações necessárias às nossas lutas, porque na medida em que tratamos do
mundo sob um olhar em que nos reconhecemos uns nos outros, ou seja, quando
buscamos entender o mundo sob a ótica do trabalhador, porque “cada um sabe a dor e
a delícia de ser o que é” – olha Caetano de novo -, nos conectamos e costuramos nossas
identidades. E nos fortalecemos!
Que seja este espaço o lugar de boas informações, trazidas por trabalhadores para
trabalhadores, traduzidas para o nosso universo de sentidos e desejos. Que seja um
lugar virtual que nos possibilite encontros reais, corpo a corpo, olho no olho. Que seja,
sobretudo, um lugar em que a gente continue alimentando a esperança de um mundo
melhor, mais justo, mais igualitário, mais fraterno, por mais clichê que isto possa
parecer.
Saibamos, porém – porque o mundo real é duro e áspero –, que a construção de um
mundo melhor, mais justo, igualitário e fraterno exige lutas cotidianas, exige rupturas,
desconstruções e refazimentos constantes; é carregada de esperanças, mas,
igualmente, eivada de frustrações; se faz com sorrisos e lágrimas e dores e gozos.
Assim, como lugar de encontro, que este blog nos permita pensar sempre, melhor
entender as questões que se nos apresentam sempre. Que nos conecte, porque,
acreditemos!, juntos somos mais fortes!
Alvíssaras!!!
*Allysson Mustafa é professor de História, Coordenador Geral
do SINPRO-BA e membro da diretoria executiva da Contee.
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