No apagar das luzes de sua gestão, o prefeito Luciano Pinheiro, em uma atitude que beira o absurdo, tenta entregar o serviço essencial de água do município nas mãos do mercado privado, composto por especuladores e apostadores que só visam o lucro. Em junho deste ano, o Sindicato dos Trabalhadores em Água e Esgoto do Estado da Bahia (Sindae) já havia denunciado as intenções privatistas do prefeito, que chamou uma audiência pública para apresentar o edital de licitação para a privatização do sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Euclides da Cunha.
Na época, a repercussão negativa e o temor do impacto eleitoral fizeram o prefeito recuar, mas ele agora retoma a iniciativa, longe de um debate mais amplo com a população que seria o período pré-eleitoral, em uma demonstração de desrespeito e covardia.
Únicos exemplos de privatização na Bahia, Xique-Xique e Serra do Ramalho, que ficam na beira de um dos maiores rios do Brasil, o Rio São Francisco, estão aí para provar: a privatização da água só trouxe desastre e prejuízo para a população. Empresas privadas que assumiram o controle desses sistemas não cumpriram com os investimentos prometidos e impuseram tarifas abusivas, sobrecarregando os (as) moradores (as). Em Euclides da Cunha, a situação é ainda mais grave, pois o plano de privatização conta com o apoio do vereador Tito da Água, um ex-empregado da Embasa. Tito, mais do que ninguém, conhece a complexidade do sistema e a quantidade de recursos públicos necessários para garantir a distribuição de água no município. Essa aliança entre o prefeito e Tito da Água é uma traição com o povo, uma verdadeira punhalada nas costas daqueles que sempre confiaram em suas lideranças.
Privatizar um serviço essencial como o abastecimento de água é um risco enorme para a população, especialmente para as famílias de menor renda. A história nos mostra que as empresas privadas, focadas no lucro, acabam por negligenciar o investimento nas condições de vida da população. Em vez de garantir acesso justo e sustentável, essas empresas buscam maximizar seus lucros, muitas vezes deixando comunidades inteiras desamparadas. Enquanto o poder público tem a missão de levar água e dignidade a quem precisa, independente da condição financeira, o mercado privado quer apenas mais uma oportunidade de lucrar. Privatizar a água é um absurdo; é taxar a população duas vezes, pois o povo já paga os seus impostos para assegurar esse serviço essencial, e agora com a ausência do Estado terá que também financiar investimentos milionários do próprio bolso. Investimentos esses que nunca virão.
Além disso, há outro problema grave com a privatização da água: o histórico alarmante de fraudes, subornos e corrupção. Empresas privadas frequentemente burlam os órgãos de fiscalização através de subornos, tornando a fiscalização frouxa e ineficaz. Sabe-se que muitos dos serviços privatizados ao redor do país acabam deixando brechas para que empresas atuem sem qualquer responsabilidade ou transparência, explorando a população sem serem devidamente cobradas por melhorias e qualidade. Essa relação entre interesses privados e corrupção nos setores de fiscalização é um ciclo perverso, onde as necessidades da população ficam em último lugar. Assim, aqueles que deveriam proteger os direitos da população acabam comprados por promessas de vantagens e favores. Com isso, quem paga o preço é o povo.
A prefeitura ainda não divulgou o local da audiência pública, mas se sabe que ocorrerá no dia 4 de dezembro. O Sindae conclama toda a população de Euclides da Cunha para se unir e lutar contra essa ameaça. Água é uma riqueza do povo e não pode ser privatizada.
Vamos à luta!
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