Segundo denúncias, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), com cinco décadas de história, estaria sob crescente influência de interesses privados que comprometem sua autonomia e missão. Empresários com contratos junto à Embasa estariam influenciando demasiadamente as decisões da empresa, o que não apenas coloca em risco a integridade administrativa, mas também ameaça o princípio da gestão pública transparente.
Além disso, gestores regionais relatam dificuldades para aplicar sanções a empresas terceirizadas que prestam serviços inadequados e, em algumas situações, enfrentariam ameaças veladas de empreiteiros ao contestá-los sobre a má prestação de serviços.
Informações de que gerentes estariam sendo indicados por empresários que prestam serviços à própria Embasa, além de gravíssimo do ponto de vista ético, seria totalmente ilegal, pois compromete a integridade da gestão pública e coloca em risco a qualidade dos serviços que deveriam ser prestados em prol da população. Em Jequié, a Embasa tomou recentemente uma multa de R$400 mil da prefeitura pelo péssimo serviço prestado por uma empreiteira, sendo que até o momento não se sabe de nenhum tipo de penalização à terceirizada.
As preocupações em torno da influência privada na Embasa cada vez mais aumentam, intensificando-se na última semana durante o seminário "EMBASA do Futuro: Tendências, Desafios e Oportunidades", que contou com a presença da Aegea, uma das maiores empresas privadas de saneamento do Brasil. Durante o evento, o executivo da Aegea, Rogério Tavares, afirmou abertamente que "primeiro entram com Parcerias Público-Privadas (PPPs) e depois compram a empresa", sugerindo qual é seu interesse concreto de expansão do setor privado sobre o saneamento público da Bahia. Todo esse espetáculo grotesco foi pago com o dinheiro da Embasa, que contratou a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) para oferecer a seus (suas) funcionários (as) dois cursos de pós-graduação: MBA em Saneamento Ambiental e MBA em Parcerias Público-Privadas e Concessões.
Para o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sindae), os riscos são claros: a Embasa caminha para o interesse empresarial mais mesquinho, e o governo estadual para ver sua credibilidade destruída por relações da Embasa com o setor privado que passam ao largo da ética e do interesse público.
A Embasa representa mais que uma empresa: é um patrimônio público, símbolo do compromisso do governo com a saúde e o desenvolvimento do estado da Bahia. Diante das denúncias, torna-se essencial que o governo estadual responda com transparência e rigor, garantindo que a integridade da Embasa seja preservada. A omissão pode comprometer a qualidade dos serviços e corroer a confiança da população, sugerindo um distanciamento dos interesses públicos que foram confiados à administração.
A Embasa, com mais de cinco décadas de história, é considerada um dos maiores patrimônios públicos do estado e agora encontra-se sob suspeita de influências que ameaçam sua autonomia e reputação, com potencial repercussão devastadora para a imagem do governo estadual.
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