Na quinta-feira (08/11), a Embasa realizou o seminário "EMBASA do Futuro: Tendências, Desafios e Oportunidades" como parte dos programas de pós-graduação MBA em Saneamento Ambiental e MBA em Parcerias Público-Privadas e Concessões, oferecidos pela Embasa e ministrados pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). No entanto, o evento gerou surpresa e indignação em parte dos (das) espectadores (as) ao contar com a participação de Rogério Tavares como palestrante, um dos executivos da AEGEA.
Durante sua fala, o executivo fez uma promoção explícita da AEGEA, destacando alegados resultados sociais positivos em cidades como Manaus e Rio de Janeiro, onde a empresa atua no setor de saneamento. Entretanto, Tavares omitiu os números preocupantes relacionados aos resultados operacionais da empresa, especialmente em Manaus. A cidade apresenta indicadores de saneamento básico extremamente baixos, mesmo após 20 anos de gestão privada, com apenas 26,09% de cobertura de esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2022. Por exemplo, esse índice é significativamente menor que o de Salvador, onde a Embasa oferece uma cobertura de 88,34%. Esse resultado coloca Manaus como a segunda pior cidade do Brasil em saneamento entre municípios com mais de um milhão de habitantes.
Além dos baixos índices de cobertura, as tarifas em Manaus também são alvo de críticas. Um (uma consumidor (a) intermediário (a), ao consumir 15 m³ de água e esgoto em Manaus, paga R$ 186,53 — um valor 16% mais caro que os R$ 160,23 cobrados pela Embasa pelo mesmo consumo. A AEGEA também cobra valores elevados por novas conexões de água e esgoto, que chegam a R$ 843,30 e R$ 1.341,31, respectivamente. Em contraste, a Embasa não cobra pela ligação de esgoto.
No Rio de Janeiro, os custos também são elevados desde que a AEGEA assumiu parte do sistema de saneamento. Um (uma) consumidor (a) comum paga R$ 182,40 pela tarifa de água e esgoto, e a empresa cobra até R$ 31.669,94 para uma ligação de água em situações específicas. Mesmo para uma instalação comum, as taxas chegam a R$ 1.220,87 para a ligação de água e R$ 5.606 para a de esgoto no asfalto.
Essas discrepâncias evidenciam que a AEGEA não possui uma posição de destaque em termos de eficiência operacional ou acessibilidade tarifária. Ao contrário, a experiência da Embasa mostra que a empresa pública baiana tem muito mais a ensinar sobre gestão responsável e inclusiva no saneamento básico.
Para muitos dos (das) participantes, a presença de um executivo da AEGEA promovendo a empresa em um seminário da Embasa foi recebida como uma propaganda enganosa, que, além de não trazer contribuições relevantes, ainda omitiu os problemas operacionais enfrentados em suas concessões — preocupações que levantam um importante alerta sobre o impacto desse modelo como solução para a universalização.
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