*NOTA À IMPRENSA*
*Neste momento, movimentos negros protestam contra a violência policial e também pedem justiça a morte de Mãe Bernadete*
Neste momento, ativistas ligados a diversas entidades e movimentos negros realizam ato público em frente à Igreja do Basílica Santuário do Senhor do Bonfim, na Cidade Baixa.
A manifestação faz parte do dia nacional de luta contra a violência policial e o genocídio do povo preto. Protestos serão realizados por todo o país. Em Salvador, os ativistas também pedem justiça à Mãe Bernadete. A ialorixá e liderança quilombola foi brutalmente assasinada no noite do último dia 17, em sua residência no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, cidade localizada na região metropolitana de Salvador. Ela foi a 11ª quilombola assassinada na Bahia nos últimos 10 anos, segundo a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).
“Estamos assistindo uma escalada da violência policial contra o povo preto e pobre em todo o país. A Bahia tem a polícia mais violenta do Brasil, apontam os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ano passado, 1.464 pessoas foram mortas em ações policiais em nosso Estado. Isso tem que parar”, afirma Matheus Araújo, do Moviemnto Aquilombar.
“A política de segurança pública do governo do Estado é ancorada numa falsa guerra às drogas, que virou a desculpa usada pelas forças de repressão para perseguir, prender e matar o povo preto, pobre e periférico. A Rede de Observatórios de Segurança divulgou, em novembro de 2022, na publicação ‘Pele alvo: a cor que a polícia apaga’, que 97,9% dos mortos por policiais na Bahia são negros. Isso mesmo, 98 a cada 100 mortos são negros. É o extermínio da juventude pobre e negra sendo colocado em prática. Um verdadeiro genocídio”, completa o ativista do Movimento Aquilombar.
Em um panfleto distribuído durante o protesto, assinado pelo Movimento Aquilombar, Coletivo Rebeldia, Movimento Mulheres em Luta e Secretaria de Negras e Negros do PSTU, foram apresentadas algumas propostas. Entre elas: implantação de câmeras de monitoramento em todo os polícias; controle social das polícias pelas organizações populares, com direito a eleição de seus comandantes, garantindo o direito de sindicalização e greve aos policiais; fim da falsa política de guerra às drogas; revogação da Lei de Drogas de 2016; e descriminalização das drogas, para combater o narcotráfico.
*Mãe Bernadete*
Os atividades também cobraram justiça à Mãe Bernadete. Sua história foi lembrada em discursos emocionados.
“Seguir a luta é a principal forma de manter viva a memória de Mãe Bernadete. É preciso uma apuração rigorosa, com a prisão dos mandantes e assassinos. Mãe Bernadete foi morta por lutar em defesa do seu território. Infeliz e agressiva a fala do governador Jerónimo Rodrigues sobre a linha central de apuração do crime ser a relação com o tráfico. As ameaças à Mãe Bernadete eram públicas, tinham se intensificado no último período. Ela chegou a fazer uma denúncia à presidente do STF”, ressalta Milena Oliveira, do Movimento Mulheres em Luta (MML).
Mãe Bernadete integrava o programa de proteção do governo Estado, após o assassinato de seu filho Binho do Quilombo, também com tiros, em 2017.
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