Em meio à inquietação da luta por democracia, após o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), em 1983, em São Bernardo do Campo, São Paulo, que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi criada. Já naquela década, a CUT seria protagonista na queda da Ditadura Militar, com milhares de trabalhadores (as) organizados indo às ruas contra o governo militar.
Em 28 de agosto de 1983, com 5.059 delegados de 912 entidades sindicais, foi eleita a primeira direção provisória da entidade, com mandato de um ano, tendo como presidente Jair Meneghelli, presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC. A CUT foi a primeira central sindical criada após o golpe de 1964 e a primeira no país a ser lançada pela base. A criação da CUT foi um desafio à legislação sindical, que proibia a organização dos (das) trabalhadores (as) de diferentes categorias numa só entidade. Mesmo não sendo “única”, a CUT foi desde o princípio a maior central brasileira e se tornou a maior da América Latina.
A primeira reinvindicação da CUT foi pedir que fosse retirado o Decreto-Lei 2.044, em tramitação no Congresso Nacional, que limitava os reajustes salariais a 80% do índice de inflação do período. O Congresso de fundação da CUT aprovou também a luta pelo cancelamento dos acordos com o FMI, contra as intervenções nos sindicatos (como os de petroleiros (as) e bancários (as) de São Paulo) e pela reforma agrária.
A história da CUT se confunde com a dos seus sindicatos de base, sendo fundamentais nas lutas que dão origens aos direitos dos (das) trabalhadores (as), organizando, mobilizando e dirigindo a luta de massa. Entre muitas conquistas sindicais, que depois passaram a fazer parte da legislação, destacam-se a lei que determina o aumento anual do salário mínimo, jornada semanal de 44 horas, 13º salário, férias de 30 dias e mais um terço, multa de 40% sobre o saldo do FGTS, estabilidade da gestante, a obrigatoriedade de a empresa fazer a rescisão do contrato de trabalho no sindicato ou na DRT e o conjunto de normas regulamentadoras sobre saúde e segurança do empregado nos locais de trabalho, entre outros.
A CUT defende a liberdade e autonomia sindical com o compromisso e entendimento de que os (as) trabalhadores (as) têm o direito de decidir livremente sobre as suas formas de organização, filiação e sustentação financeira, com total independência frente ao Estado, governos, patronato, partidos e agrupamentos políticos, credos e instituições religiosas e a quaisquer organismos de caráter programático ou institucional.
A CUT é uma organização sindical brasileira de massas, em nível máximo, de caráter classista, autônoma e democrática. Baseada em princípios de igualdade e solidariedade, seus objetivos são organizar, representar sindicalmente e dirigir a luta dos (das) trabalhadores (as) da cidade e do campo, dos setores público e privado, ativos e inativos, por melhores condições de vida e de trabalho e por uma sociedade justa, igual e democrática.
A CUT completa seus 40 anos, cada vez mais, com o compromisso de reconstrução das pautas trabalhistas e consolidação da democracia, ameaçada após o Governo Bolsonaro.
O Sindae deseja à CUT uma vida longa!
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