Estiveram presentes na sede do C, em Salvador, nesta quarta-feira (16), representantes de centrais sindicais, federações, confederações e sindicatos para participar da Jornada Nacional de Debates promovida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com o tema “Trabalho, meio ambiente e transição justa – rumo à COP 30”.
O encontro discutiu os desafios de se conciliar a proteção ambiental com o desenvolvimento econômico sustentável — uma combinação essencial para enfrentar a crise climática global e, ao mesmo tempo, promover a justiça social. Essa convergência representa uma grande oportunidade de fomentar setores estratégicos da economia, como o saneamento básico, o reflorestamento e as energias renováveis. Ao mesmo tempo, destacou-se a importância de considerar os impactos das mudanças climáticas no mundo do trabalho, como o aumento da temperatura nos ambientes laborais e suas repercussões diretas na saúde, segurança e bem-estar dos(as) trabalhadores(as).
Foi enfatizado que empregos verdes, por si só, não garantem condições dignas de trabalho. É fundamental analisar toda a cadeia produtiva para compreender como essas atividades são exercidas e seus reais impactos ambientais e sociais. Afinal, não existe transição justa sem desenvolvimento social justo. Trata-se de um conceito em disputa que precisa ser constantemente debatido e reafirmado pelo movimento sindical.
Efeitos diretos das mudanças climáticas
Um dos pontos que mais chamou a atenção durante o debate foi o papel do agronegócio na emissão de gases do efeito estufa. No Brasil, a maior parte das emissões provém do uso da terra e da agropecuária, colocando o setor como um dos principais responsáveis pela intensificação das mudanças climáticas.
Essas mudanças têm provocado uma maior recorrência de desastres ambientais, que impactam diretamente a vida da população trabalhadora: elevam os preços dos alimentos, destroem empregos, afetam comunidades inteiras e geram elevados custos ao Estado com a reconstrução de infraestrutura urbana nas áreas atingidas. O ônus recai, sobretudo, sobre os mais vulneráveis.
Com a aproximação da COP 30, que será realizada em Belém do Pará, no Brasil, em novembro de 2025, é essencial que o movimento sindical se prepare para contribuir de forma ativa e estratégica. As decisões que serão tomadas durante a conferência terão impactos diretos na vida e nas condições de trabalho dos(as) trabalhadores(as) de todo o mundo. A construção de um futuro ambientalmente sustentável só será possível se for também socialmente justo, com empregos dignos, proteção aos direitos e participação efetiva da classe trabalhadora nas decisões.
Comentários: