curso, pois eles acreditam que as Exatas “não são coisas de mulher” e, consequentemente, praticam a desqualificação intelectual.
No ambiente acadêmico, essa prática deve ser lida também como uma violência, pois gera danos psicológicos a quem a sofre. Importante ressaltar que os homens também são passíveis a sofrerem uma desqualificação intelectual ou um assédio verbal, por exemplo. Porém, a razão que motiva tais atos muito provavelmente não é pela condição de ser homem.
No caso das mulheres, as violências ocorrem justamente por elas serem mulheres, ou seja, por serem vistas como inferiores e alvo de controle, revela o estudo da UNB.
Até na Antártida
Quando se trata de pesquisas em campo, a situação é ainda mais alarmante. Levantamento feito National Science Foundation (NSF), principal agência norte-americana de financiamento à ciência básica, revelou a situação das mulheres que vão realizar pesquisas nas bases da Antártida: 72% das mulheres mencionaram o assédio sexual como um problema em sua comunidade, ante 48% dos homens. Para agressões sexuais, os índices foram de 47% para o público feminino e de 33% para o masculino.
Desde 2013, vigora um código de conduta nas estações norte-americanas que proíbe expressamente abusos físicos e verbais, importunações, trotes ou intimidações. Mas há uma percepção de que as normas nem sempre são aplicadas: apenas 26% das mulheres e 46% dos homens afirmaram que os infratores são responsabilizados.
Por fim, existe uma crescente visibilidade dada às questões das mulheres, principalmente no que diz respeito às formas de violência de gênero. Diversas universidades possuem alguma forma de auto-organização das mulheres e/ou mecanismos de investigação e punição de casos por meio das vias institucionais.
Ainda assim, essa visibilidade e as medidas que chegam aos órgãos competentes não têm sido suficientes para superar uma posição discriminatória ocupada pela mulher na sociedade, dentro ou fora da universidade.
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