Com um misto de tristeza e esperança, a categoria petroleira comemora os 73 anos da Refinaria Landulpho Alves (RLAM). Tristeza, porque hoje a refinaria, localizada no município de São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, não pertence mais à Petrobrás e esperança, porque ela pode sim, ser reestatizada. Essa luta do Sindipetro Bahia e da Federação Única dos Petroleiros (FUP) já conta com a simpatia de grande parcela da sociedade, de empresários, políticos, de governantes e de ministros do governo Lula.
Vendida no governo Bolsonaro, por um preço abaixo do valor do mercado, a refinaria baiana, que hoje pertence ao grupo árabe Mubadala e é administrada pela empresa Acelen – diferente da Petrobrás – continua a adotar como política, o Preço de Paridade de Importação (PPI), vendendo um dos combustíveis mais caros do Brasil (em comparação com os produzidos pelas refinarias da Petrobrás).
O fato é que a privatização da RLAM – como o Sindipetro e a FUP já haviam alertado – gerou um monopólio regional privado e está causando prejuízos não só para os baianos e para a Bahia, mas também para o estado de Sergipe e outros da região norte e nordeste. Com a Landulpho Alves, foi entregue de brinde um potencial mercado consumidor, além de 669 quilômetros de oleodutos, que ligam a refinaria ao Complexo Petroquímico de Camaçari e ao Terminal de Madre de Deus, que também foi vendido no pacote que inclui ainda outros três terminais da Bahia (Candeias, Jequié e Itabuna).
Infelizmente, os baianos já sentem no bolso as consequências da privatização. Não houve redução dos preços dos combustíveis porque não há competitividade, não há concorrência, o que desmonta um dos argumentos usados pelo governo Bolsonaro para justificar a venda da RLAM.
A Bahia hoje é refém de uma empresa estrangeira que, sem concorrência, pratica os preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, que entende ser melhor para a sua realidade estratégica, como se estivesse vendendo para o mercado exterior, sem levar em conta a realidade do Brasil.
Bahia, berço do petróleo
Nascida em 17 de setembro de 1950 – antes mesmo da criação da Petrobrás – a refinaria ganhou inicialmente o nome de Refinaria Nacional do Petróleo. Em 1957, já incorporada à Petrobrás, foi rebatizada, passando a se chamar Refinaria Landulpho Alves, em homenagem ao engenheiro agrônomo baiano que se destacou na luta em defesa do petróleo brasileiro. Sua operação possibilitou o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do país e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Pólo Petroquímico de Camaçari.
Mas não é possível falar da RLAM, do petróleo e da Petrobrás sem falar da Bahia. Foi neste estado do nordeste que foi descoberto o petróleo, foi criada a Landulpho Alves e também a Petrobrás. A Bahia é o berço do petróleo, da Petrobrás e do desenvolvimento econômico e industrial, impulsionado no país a partir da criação da estatal.
Foi também neste estado que se forjaram os primeiros trabalhadores do petróleo. Vindos da pesca e da agricultura, eles se reinventaram e com muita dedicação aprenderam o oficio de petroleiros, labutando dia e noite, no recém descoberto Campo de Candeias e na Refinaria Landulpho Alves.
A dedicação desses trabalhadores, ainda sem conhecimento técnico na área, foi crucial e em pouco tempo eles viraram instrutores, transformando a refinaria na primeira escola de refino do país.
O Sindipetro e a FUP conclamam os baianos e as baianas a aderirem à luta pela reestatização da RLAM. A refinaria baiana tem de voltar a fazer parte da Petrobrás para que tenhamos combustíveis com preços justos e, consequentemente, redução no preço dos alimentos. A nossa refinaria será sempre Landulpho Alves.
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