Com o passar dos últimos 20 anos, acompanhamos o arrefecimento da atuação sindical e dos movimentos sociais, desde quando os representantes da classe trabalhadora assumiram o poder nas esferas representativas do país, do Legislativo ao Executivo. Esses representantes, do ano de 2002 até o ano de 2016 (2016, ano do impeachment da então presidenta da República) em sua maioria, se afastaram das bases que o elegeram, tentando levar a efeito um programa de governo aliado a um projeto de perpetuação do poder, se omitindo quanto a politização do povo brasileiro, articulando programas voltados quase que exclusivamente de estimulação ao consumo.
Esses representantes, em nome da tal governabilidade, andaram de mãos dadas com mercado financeiro e ambos aliados aos meios tradicionais de comunicação e imprensa no trabalho de despolitização e idiotização das massas. Os programas de governos trouxeram avanço social, é verdade, que por isso mesmo não agradaram as pequenas classes privilegiadas detentora do poder econômico e financeiro. Estas classes, aliadas a uma pesada campanha midiática de criminalização dos movimentos sociais, e contra o próprio governo, vinha orquestrando narrativas de difamação contra os trabalhadores da iniciativa pública e suas entidades representativas, achando campo fácil de atuação em razão do atual cenário de desmobilização dos sindicatos e das diversas entidades representativas da classe trabalhadora. Tal conjuntura favoreceu ao afastamento definitivo em 2016 da presidenta democraticamente eleita.
A partir de então estamos amargando um cenário de caos, ataque aos direitos constitucionais nos campos social, político e econômico, promovido pelos governos desde o ano de 2016. Este cenário serviu de aguilhão para a classe dos trabalhadores buscar alternativas para combater o enfraquecimento e divisão dessas entidades. Daí, vêm surgindo os Fóruns como instrumento de debate, união e orientação das entidades da sociedade civil organizada, visando também proteger os serviços públicos que promovem o bem-estar a toda a sociedade, desde muito tempo sob a mira dos tentáculos do mercado financeiro, que atuam para terceirizar e privatizar nossos serviços, promovendo o desmonte do Estado como forma de única e exclusivamente auferir lucros, manipulando o bem-estar num balcão de negócios.
Aqui na Bahia, como desde alguns anos as Federações que representam os servidores públicos federais, estaduais e municipais não vem logrando êxito na defesa dos direitos da classe, decidimos buscar como alternativa de luta a criação de um Fórum de caráter permanente. Dessa forma, unindo forças com entidades representativas dos trabalhadores nas três esferas, federal, estadual e municipal, criamos o Fórum Baiano em Defesa do Serviço Público. Este Fórum, criado no ano de 2019, integrado por sindicatos e associações representativas dos trabalhadores públicos nas três esferas que laboram no Estado da Bahia, iniciou sua atuação antes da apresentação do Projeto de Lei de Reforma da Previdência Estadual, porém, se firmando no cenário como braço de defesa do serviço público, a partir de então.
A criação deste fórum justifica-se pelo sentimento de impotência que tomou conta do movimento sindical, que divididos e isolado em seus respectivos seguimentos, vem amargando diversas derrotas, face a aprovação de diversos projetos nas esferas Federal, Estadual e Municipal. Tais projetos de desmonte do Estado vêm, de forma avassaladora, retirando direitos, acentuando de forma perigosa uma crise que gera o empobrecimento do povo brasileiro, afetando o funcionamento dos serviços públicos e, consequentemente, a vida da sociedade que dependem desses serviços, principalmente nesta conjuntura de crise da saúde mundial, acometida pela pandemia do COVID-19.
Desde a sua criação em 2019, o Fórum Baiano em Defesa do Serviço Público já vem atuando, inclusive participando de alguns atos públicos no Estado da Bahia. Como resultado da nossa participação no cenário político, estamos agregando entidades representativas dos trabalhadores públicos e privados, além de outras entidades organizadas da sociedade civil, buscando uniformizar e unificar nossas ações nas áreas da comunicação, financiamento e articulação das atividades políticas, vislumbrando, por fim, agregar também o maior número possível dos movimentos sociais organizados, instituições religiosas, representações de classe, aposentados, estudantes, etc.
Antonio Jair Batista Santos Filho
Participante do Fórum Baiano em Defesa do Serviço Público
Participante do movimento em defesa da Auditoria Cidadã da Dívida Pública – Núcleo Bahia
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